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A Composição de um Rigor sem Órgãos por meio de uma Ópera de Movimentos Aberrantes

Resumo

Este artigo se propõe a assumir discursos enunciados sobre o rigor, multiplicando-os em possibilidades para produzir o conceito de rigor sem órgãos, para ser operado em diferentes espaços disciplinares, de acordo com uma regra de funcionamento, mais como arma de invenção de outras formas de vida na relação com um rigor do que como ferramenta de reprodução de relações (de poder) com o rigor.  Para isso, vale-se dos restos discursivos visibilizados na dissertação de mestrado A Disciplina de Análise segundo Licenciandos e Professores de Matemática da Educação Básica (Gomes, 2013) e do exercício de problematização e produção do conceito de rigor sem órgãos, promovido pela tese de doutorado Rigor sem Órgãos: em meio a relações discursivas, (r)ex(s)istências possíveis (Gomes, 2020), em um percurso que não deseja territorializar-se em nenhum espaço específico, mas correr por terras, ora conhecidas ora desconhecidas. Como proposta estética, opta-se por uma estrutura de ópera como forma política de experimentação narrativa, motivada não apenas pelos gostos pessoais dos autores, mas por reconhecer a potência de operar com outras formas de organização do conhecimento que podem levar quem lê a mobilizar outros afetos.

Palavras-chave

Corpo sem órgãos, Filosofia da diferença, Educação Matemática, Análise Real, Relações de poder

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Biografia do Autor

Danilo Olímpio Gomes

Desde criança, demonstrou curiosidade por detalhes, vivendo a desmontar brinquedos para entender seu funcionamento. Jovem introspectivo, encontrou no karatê e na música escapes para afetos que pediam passagem. Na escola, gostava dos números e de suas relações. A escrita apareceu como modo de multiplicar-se em tinta e páginas, mas os rabiscos eram tímidos. Ao final do ensino médio, indeciso entre Matemática,  Educação Física e História, foi trabalhar em uma lavanderia de calças jeans e, em meio a enzimas, pedras de argila e detergente, ingressou despretensiosamente na Licenciatura em Matemática. Entrou pensando que ia ser matemático, mas quando percebeu a docência, apaixonou-se. Finda a licenciatura, deu aulas nos ensinos fundamental e médio, tanto na rede estadual paulista quanto na rede privada. Estimulado por uma grande professora, adentrou os muros da Universidade Estadual Paulista - Unesp/Rio Claro e fez o Mestrado em Educação Matemática. As discussões sobre ensino e aprendizagem de Cálculo Diferencial e Integral que tanto amava desdobraram-se em reflexões sobre a Análise Real e suas relações com licenciados e professores da educação básica. Então mestre, sentiu necessidade de retornar à sala de aula. Queria atuar na graduação antes de ingressar no doutorado. Mais dois anos se passaram, e em uma cama de hospital, decidiu que voltaria aos estudos (mesmo sem ainda ter ocorrido a tal experiência no ensino superior). Acolhido por seu orientador, mergulhou nas Filosofias da Diferença e no rigor matemático. A escrita apareceu com mais potência, a tese pôde ser composta e o Doutorado em Educação Matemática aconteceu (na mesma instituição que o mestrado). Em meio a isso, mudou-se para o interior do estado de Alagoas, conhecendo o povo sertanejo, e lá estabeleceu-se. Atualmente, segue tentando desmontar a matemática utilizando como ferramentas a Filosofia da Educação Matemática, a História da Matemática e a Epistemologia do Conhecimento, tentando ver o que acontece quando sua parte mole entra em contato com seres humanos e suas relações. 

Roger Miarka

Alemão de nascimento, brasileiro de criação, tcheco de descendência, já viveu em mais lugares do que seus dedos ajudariam a contar. Tantas mudanças ensinaram-no o apreço à diversidade e a sempre suspeitar de qualquer verdade. Tal atitude se mostrou também à época da universidade em Londrina. Iniciou o bacharelado em Matemática e, ao sentir falta da dimensão humana dessa ciência, optou por acompanhar também a modalidade licenciatura. Após a universidade e alguns anos na Educação Básica, quis surpreender-se com outras dimensões da vida. Vestiu a beca, agradeceu ao reitor, pediu demissão da escola em que trabalhava, e foi viver na Alemanha. Lá trabalhou como pseudo-lenhador. Em uma viagem de férias decidiu dar também chance a ares londrinos. Em um ano e meio, como barista se estabilizou. Chegou até mesmo a administrar um negócio. Percebeu que a vida pode ser pragmática, mas que a si isso não bastava. Amante dos números e das discussões, retornou ao Brasil. Sentiu necessidade da academia. Cursou mestrado e doutorado em Educação Matemática. Nesse meio tempo, buscou elementos para ajudá-lo a movimentar suas reflexões em um grupo de discussões sobre Etnomatemática na Nova Zelândia e em um estágio de doutoramento com foco em estudos antropológicos na Itália. Realizou, ainda, dois pós-doutoramentos,  na Universitat Autònoma de Barcelona e na Universitat de Barcelona  e defendeu a Livre Docência na Unesp. Em suas andanças profissionais, passou pela Universidade do Estado de Santa Catarina, firmando-se na Universidade Estadual Paulista. Hoje pensa sobre um tanto de coisas e dentro dessa teia que lhe interessa pesquisar, faz sentido destacar temas ligados à Filosofia da Educação Matemática, à Etnomatemática e à Epistemologia do Conhecimento, especialmente quando ligados a comunidades em situação de vulnerabilidade social, tomadas em sua potência de afirmação de vida, e a diferentes políticas de escrita.


Referências

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