Capacidades e capital social perante uma ameaça natural em idosos: o caso do Complexo Vulcânico Nevados de Chillán, Chile

Resumo

 O Chile apresenta um alto nível de exposição e vulnerabilidade diante dos processos de ameaça de desastres e além disso é um dos cinco países com mais vulcões ativos em nível mundial. A este cenário soma-se o aumento sustentado do envelhecimento da população, já que se trata de um grupo etário altamente vulnerável perante situações de risco natural. No entanto, experiências anteriores, contextos e organizações locais podem propiciar oportunidades para que as pessoas mais velhas adquirirem e desenvolverem capacidades de adaptação a situações críticas. Por isso, no presente trabalho foram analisadas as capacidades individuais e coletivas de pessoas idosas expostas ao risco vulcânico em uma zona rural do sul do Chile. Utilizou-se um desenho de caso qualitativo, de corte fenomenológico, e selecionaram-se intencionalmente 15 pessoas idosas. Os dados são produzidos mediante entrevistas semiestruturadas e um grupo focal, utilizando como estratégia de análise o processo de codificação da teoria fundamentada. Como primeiro resultado, identificam-se, como capacidades de enfrentamento individuais, a resiliência psicológica, o envelhecimento positivo e a mobilização ante o risco vulcânico. Em termos de capacidades coletivas, identifica-se o papel do capital social, como presença de vínculos e redes organizacionais comunitárias e institucionais que facilitam processos de participação, envolvimento, confiança e solidariedade a nível local. Em conclusão, sustenta-se a importância de incorporar a capacidade de agência e o envelhecimento positivo na gestão local do risco de catástrofe, compreendendo que o fortalecimento da adaptação e da resiliência deve ser acompanhado de participação e redução estrutural e institucional das vulnerabilidades.