A participação das mulheres nas eleições presidenciais de 1958 em Portugal através da imprensa nacional
- Sérgio Campos
Resumo
O texto centra-se na participação política das mulheres portuguesas nas eleições presidenciais de 1958 em Portugal. Para enquadrar a temática, procurou-se compreender a emancipação feminina entre a I e a II República Portuguesa. O surgimento de algumas instituições, como a Mocidade Portuguesa Feminina e a Obra das Mães pela Educação Nacional, é retratado como um mecanismo de controlo e disseminação dos valores morais vigentes durante o Estado Novo. Numa abordagem metodológica reflexiva através da análise das fontes primárias e secundárias, o artigo desvenda as ações políticas das mulheres, com especial enfoque nas eleições presidenciais de 1958. Neste alinhamento, é evidenciado no artigo a exígua participação das mulheres comparativamente aos homens, de acordo com a imprensa nacional em análise: Diário de Lisboa, Novidades e República. A imprensa deu a conhecer aos leitores as comissões de senhoras de apoio aos candidatos Humberto Delgado e Arlindo Vicente e destacou alguns artigos de opinião redigidos por mulheres, sobretudo as mais instruídas da época. No que concerne à cobertura jornalística, o jornal República foi aquele que mais notícias e artigos de opinião publicou durante toda a campanha eleitoral, sendo alvo de censura permanentemente.
Palavras-chave
Estado Novo, mulheres, eleições presidências de 1958, imprensa, comissões de apoio
Biografia do Autor
Sérgio Campos
Doctor en Historia (Patrimonio) Universidad de Extremadura, España. Últimas publicações: Sérgio Campos, A Verdade da Mentira. As eleições presidenciais de 1958 (Porto: 5 Livros). Sérgio Campos, «Um olhar sobre a emancipação do poder local no distrito de Portalegre, (12/12/1976)», Herança. Revista de História, Património e Cultura, 6, n° 2 (2023), http://revistaheranca.com/index.php/heranca/article/view/715; H. Henriques, A. Marchão y S. Campos, «Vagando pela História da Educação de Infância em Portugal nos finais do século XIX e principios do século XX. Retalhos históricos sobre a Créche João Baptista Rollo», Revista Colombiana de Educación 1, n° 83 (2021): 1-17, doi: https://doi.org/10.17227/rce.num83-10781.
Referências
- Fontes primárias
- Arquivo da plataforma Casa Comum, disponibilizada a reprodução e descrição de documentos custodiados pela Fundação Mário Soares e Maria Barroso. Portugal.
- Arquivo do Fundo Local da Biblioteca Municipal, Portalegre-Portugal. Câmara Municipal de Portalegre.
- Arquivo da Hemeroteca Digital, sítio da Hemeroteca Municipal de Lisboa (HML), Lisboa-Portugal. Câmara Municipal de Lisboa.
- Decreto nº 26 893 de 15 de agosto de 1936.
- Decreto-Lei nº 28 262 de 8 de dezembro de 1937.
- Decreto-Lei nº 38968 de 27 de outubro de 1952.
- Rabeca, nº 1984 de 14 de maio de 1958, 1.
- República, nº 9836 de 13 de maio de 1958, 1.
- República, nº 9837 de 14 de maio 1958, 1.
- República, nº 9840 de 17 de maio de 1958, 1.
- República, nº 9853 de 30 de maio de 1958, 1.
- Fontes secundárias
- Alexandra, Nair. As Eleições de 1958 e a Imprensa Portuguesa. Colectânea de documentos censurados. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, Biblioteca-Museu República e Resistência, 1998.
- Alves, Tânia. «O Estado Novo em Portugal, o controle da imprensa e a Guerra Colonial». Revista Brasileira de História da Mídia (RBHM), 5, n° 1 (2016): 185-194. https://www.cd25a.uc.pt/media/pdf/Biblioteca%20digital/Artigos/RBHMVol5N2016jan_entev%20a%20Jose%20Tengarrinha.pdf.
- Campos, Sérgio. A Verdade da Mentira. As eleições presidenciais de 1958. Porto: 5 Livros, 2023.
- Campos, Sérgio. Em memoria dos cidadãos eleitos no Alto Alentejo Em memoria dos cidadãos eleitos no Alto Alentejo: o processo eleitoral autárquico no distrito de Portalegre após a democratização (12-12-1976). Lisboa: Colibri, 2020.
- Carvalho, Rómulo. História do Ensino em Portugal. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2011.
- Cruz, Manuel B. «As negociações da Concordata e do Acordo Missionário de 1940». Análise Social 32, nº 143-144 (1997): 815-845. http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1218793712C5wMG9pn8Pj18SG5.pdf.
- Delgado, Iva. Meu Pai, o General Sem Medo. Alfragide: Editorial Caminho, 2015.
- Falcato, João A. A candidatura de Arlindo Vicente nas «eleições de 1958. Lisboa: Edições Avante, 2018.
- Gorjão, Vanda. Mulheres em Tempos Sombrios. Lisboa: Estudos e Investigações, 2002.
- Guimarães, Elina. «A mulher portuguesa na legislação civil». Análise Social 22, nos 92-93 (1986): 557-577. http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223552761S9jHG4vr3Ci53FM9.pdf.
- Henriques, Hélder, Amélia Marchão, Sérgio Campos y Jussara Pimenta. «Sob a lente de uma médica nos alvores do Estado Novo. Apontamentos de puericultura». Revista Multidisciplinar em Educação 7 (2020): 687-709. https://periodicos.unir.br/index.php/EDUCA/article/view/5135. DOI: https://doi.org/10.26568/2359-2087.2020.5135
- Honório, Cecília. Mulheres contra a Ditadura. Lisboa: Bertrand Editora, 2014.
- Lemos, Mário M. Jornais diários portugueses do século XX Um dicionário. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2020. DOI: https://doi.org/10.14195/978-989-26-1528-8
- Melo, Helena Pereira. Os direitos das mulheres no Estado Novo. Coimbra: Almedina, 2017.
- Pimentel, Irene. «Contributos para a história das mulheres no Estado Novo: as organizações femininas do Estado Novo: a “Obra das Mães pela Educação Nacional” e a “Mocidade Portuguesa Feminina”: 1936-1966». Dissertação de Mestrado, Universidade Nova de Lisboa, 1996. http://hdl.handle.net/10362/115845.
- Pimentel, Irene. «A assistência social e familiar do Estado Novo nos anos 30 e 40». Análise Social 34 (1999): 477-508. http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1218799127Z7uLZ4su1Vg14KQ1.pdf.
- Pimentel, Irene F. Mocidade Portuguesa Feminina. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2007.
- Pimentel, Irene. História das Organizações Femininas no Estado Novo. Lisboa: Circulo de Leitores, 2000.
- Raimundo, Orlando. O último salazarista. A outra face de Américo Thomaz. Lisboa: D. Quixote, 2017.
- Ramos, Rui. Historia de Portugal. A Segunda Fundação (1890-1926) direção de José Mattoso. Lisboa: Circulo de Leitores, 1994.
- Rodrigues, Julieta de A. «Continuidade e mudança nos papéis das mulheres urbanas portuguesas: emergência de novas estruturas familiares». Análise Social nos 77-78-79 (1983): 909-938. http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223465507M8cCF5kg8Oz43DK8.pdf.
- Rosas, Fernando. Salazar e os Fascismos. Ensaio breve de história comparada. Lisboa: Tinta da China, 2019.
- Salazar, António. Discursos e notas políticas 1928 a 1966. Coimbra: Coimbra Editora, 2015.
- Serrão, Joaquim V. História de Portugal. Lisboa: Verbo, 2001.
- Silva, Daniela P. «A Campanha Nacional de Educação de Adultos no Estado Novo: uma leitura dos debates parlamentares». História. Revista da FLUP, 6 (2016): 71-87. https://ojs.letras.up.pt/index.php/historia/article/view/1718.
- Silva, Maria R. «A liga Republicana das mulheres Portuguesas na voz de mulheres escritoras do início do século XX». Análise Social 19, nos 77-78-79 (1983): 875-907. http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223465449P2eYY6he7Ah47BN7.pdf.
- Sousa, Isabel R. «Educação Feminina no Estado Novo (1938-1948): impacto na imprensa periódica». Tese de Mestrado, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2019. https://hdl.handle.net/10216/122635.
- Souza, Maria R. A concessão do voto às mulheres portuguesas. Lisboa: Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres, 2006.
- Tavares, Maria M. «Feminismo em Portugal (1947-2007)». Tese de Doutoramento, Universidade Aberta, 2008. https://repositorioaberto.uab.pt/bitstream/10400.2/1346/1/Tese%20de%20doutoramento%20Manuela%20TavaresVF.pdf.
- Ventura, António. História de Portugal. O «Estado Novo» (III). Alfragide: Ediclube, 1980.
- Ventura, António. Portalegre. Roteiros Repúblicanos. Lisboa: Quidnovi, 2010.