Leolinda Daltro – a Oaci-zauré – relato de sua experiência de proposta laica de educação para os povos indígenas no Brasil central
Resumo
Considerando sua experiência entre os indígenas dos sertões de Goiás e a proposta de criação de uma associação de proteção aos povos indígenas que Leolinda de Figueiredo Daltro (c. 1859-1935) divulgou intensamente e em vários espaços sociais após seu retorno ao Rio de Janeiro, podem-se fazer algumas proposições. Afinal, o que ela sabia ou havia lido sobre o modo de vida dos indígenas antes de sua experiência entre eles? O que ela sabia da política indigenista adotada pela República? Ou da região do Brasil central e para a qual ela se dirigiu? Estas são as questões que abordaremos ao longo do texto. Para melhor explorarmos este retorno à capital federal, acreditamos que seja importante também verificar como Leolinda se envolveu com a “causa indígena”? Ou como uma proposta laica de educação indígena conseguiu movimentar intensamente a opinião pública? Sendo assim, pode-se presumir que o episódio singular vivido por Leolinda – e registrado em seu livro Da catechese dos indios no Brasil – nos aponta para diversos indícios sobre sua missão – nas cidades e nos sertões – e a pluralidade da rede da sociedade regional e nacional em que se envolveu e foi envolvida.
Palavras-chave
Revista de História da Educação Latino-americacana; Leolinda Daltro; Oaci-zauré; mediadora; causa indígena.
Biografia do Autor
Paulete Maria Cunha dos Santos
Doutora em História pelo PPG em História da Unisinos, S. Leopoldo, RS.
Referências
- Carneiro da Cunha, Manuela.Cultura com aspas e outros ensaios. São Paulo, Cosac Naify, 2009.
- Certeau, Mickel de. “Ktno-Grafia: a oralidade ou o espaço do outro: Léry”. Km A escrita da história, editado por Michel de Certeau. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982, 211-242.
- Ckaves, Antonio Marcos et al. “Significados de proteção a meninas pobres na Bakia do século XIX”. Psicol. estud. Vol.: 8 Nº spe, 2003. http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722003000300011&lng=en&nrm=iso DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-73722003000300011
- Corrêa, Mariza. “Os índios do Brasil elegante & a professora Leolinda Daltro”. Em Antropólogas & antropologia, editado por Mariza Corrêa. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003, 107-139.
- Corrêa, Mariza. “Três heroínas do romance antropológico brasileiro”. Primeira versão. Nº 22 (1990): 1-37.
- Couto de Magalhães, José V. Viagem ao Araguaya. Rio de Janeiro: Cia. Editora Nacional, [1863] 1938.
- Daltro, Leolinda. Da catechese dos indios no Brasil: Noticias e documentos para a Historia (1896-1911). Rio de Janeiro: Typ. da Escola Orsina da Fonseca, 1920.
- Daltro, Leolinda. Inicio do Feminismo no Brazil. Subsidios para a Historia (Parte1ª). Rio de Janeiro: [s. n.], 1918.
- Davis, Natalie Z. Nas margens: três mulheres do século XVII. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
- Dias, Thiago. “Contatos e desacatos: os línguas na fronteira entre sociedade colonizadora e indígenas (1740 a 1789) – Goiás”. Espaço Ameríndio. Vol.: 7 Nº 2 (2013): 205-226. Doratioto, Francisco. “A política platina do Barão do Rio Branco”. Rev. bras. polít. int. Vol.: DOI: https://doi.org/10.22456/1982-6524.41051
- Nº 2 (2000).
- Ferreira, Lúcio M. “Arqueologia do Sul do Brasil e política colonial em Hermann von
- Ihering”. Anos 90. Vol.: 12 Nº 21/22 (2005): 415-436. DOI: https://doi.org/10.22456/1983-201X.6380
- Gagliardi, José Mauro. O indígena e a república. São Paulo: Hucitec, 1989.
- Giraldin, Odair. “Povos indígenas e não-indígenas: uma introdução à história das relações interétnicas no Tocantins”. Em A (trans) formação histórica do Tocantins, editado por Odair Giraldin. Goiânia: Ed. da UFG, 2002, 109-135.
- Grigório, Patrícia C. “Leolinda Daltro e o projeto de catequese dos índios no Brasil”. XIII Encontro de História. Identidades, Anais... Rio de Janeiro: ANPUH/ UFRRJ, 2008. Grigório, Patrícia C. “A professora Leolinda Daltro e os missionários: disputas pela catequese indígena em Goiás (1896-1910)”. Dissertação em Mestrado em História,
- Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2012.
- Karasch, Mary. “Catequese e cativeiro, política indigenista em Goiás: 1780-1889”. Em História dos índios no Brasil, editado por Manuela Carneiro da Cunha. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, 397-412.
- Kodama, Kaori. Os índios no Império do Brasil: a etnograßa do IKGB entre as décadas de 1840
- e 1860. Rio de Janeiro: Ed. FIOCRUZ; São Paulo: EDUSP, 2009.
- Levi, Giovanni. A herança imaterial: trajetória de um exorcista no Piemonte do século XVII.
- Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
- Levi, Giovanni. “Sobre a micro-história”. Em A escrita da história: novas perspectivas, editado por Peter Burke. São Paulo: Ed. da UNESP, 1992, 133-161.
- Magalhães, Basílio de. “Prefácio”. Revista do Instituto Kistórico e Geográßco Brasileiro. T.
- Vol.: 155 (1927): 6-30.
- Oliveira, Cláudia de et al. O moderno em revistas: representações do Rio de Janeiro de 1890 a 1930. Rio de Janeiro: Garamond, 2010.
- Oliveira, José Feliciano de. “Os Cherentes (Aborigenes do Brazil Central)”. Revista do Instituto Kistórico e Geográßco de São Paulo. †ypograpkia do Diario ONcial (1915): 13-25.
- Perrot, Michelle. As mulheres ou os silêncios da história. Bauru, SP: EDUSC, 2005.
- Rocha, Elaine P. “Entre a pena e a espada: a trajetória de Leolinda Daltro (1859-1935) - patriotismo, indigenismo e feminismo”. Tese em Doutorado em História Social, Universidade de São Paulo, 2002.
- Rocha, Elaine. “Os caminhos dos sertões são mais árduos para uma mulher: notas sobre a excursão de Leolinda de Figueiredo Daltro aos sertões (1896-1897)”. Outros Tempo. Vol.: 10 Nº15 (2013): 146-172. DOI: https://doi.org/10.18817/ot.v10i15.259
- Schroeder, Ivo. “Os Xerente: estrutura, história e política”. Sociedade e Cultura. Vol.: 13 Nº 1 (2010): 67-78. DOI: https://doi.org/10.5216/sec.v13i1.11174
- Schwarcz, Lilia. “População e sociedade”. Em A abertura para o mundo 1889-1930, vol. 3, editado por Lilia Schwarcz. Madrid: Fundación Mapfre; Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, 35-83.
- Schwarcz, Lilia. As barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
- Schwarcz, Lilia. hspetáculos das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1850-
- São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
- Silva, Cleube Alves da. Confrontando mundos: os povos indígenas Akwen e a conquista de
- Goiás (1749-1851). Palmas: Nagô, 2010.
- Souza Lima, Antonio Carlos de. “Sobre indigenismo, autoritarismo e nacionalidade: considerações sobre a constituição do discurso e da prática da proteção fraternal no Brasil”. Em Sociedades indígenas e indigenismo no Brasil, editado por João Pacheco Oliveira Filho. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ; São Paulo: Marco Zero, 1987.
- Vásquez, Ladislao Landa. “Pensamientos indígenas en nuestra América”. Em Crítica y teoría en el pensamiento social latinoamericano. Buenos Aires: CLACSO, 2006, (Colección Becas de Investigación), 11-75.
- Vianna, Urbino. “Akuen ou Xerente”. flevista do Instituto Kistórico e Geográßco Brasileiro.
- T. 101 Vol.: 155 (1927): 33-48. DOI: https://doi.org/10.1086/214372